We Like Nerds

OI GENTE BELA GENTE GATA GENTE LINDA TÔ DE VOLTA BELEZA?

Que bom.

Então, tô aqui pra falar do que é provavelmente o meu segundo livro preferido. Quem já leu “A Menina que Roubava Livros” sabe como Markus Zusak é, não te deixa ir embora até chegar à última página. Com esse livro não é diferente.

“Eu Sou o Mensageiro” conta a história de Ed Kennedy, um taxista de 19 anos que se sente um nada na vida porque, basicamente:

“1. Quando tinha 19 anos, Bob Dylan já era veterano da noite do Greenwich Village, em Nova York.

2. Salvador Dalí já tinha pintado uma porrada de quadros sensacionais e se rebelado quando fez 19 anos.

3. Joana D’Arc era a mulher mais procurada e caçada do mundo quando tinha 19 anos, tendo criado uma revolução.

Daí vem Ed Kennedy, também com 19 anos de idade...”

Ed tem quatro e únicos grandes amigos igualmente fracassados: Marv, Ritchie, Audrey (por quem é apaixonado) e Porteiro, seu cachorro de 17 anos que adora um cafezinho. Com essas companhias, bebe e joga cartas. E ainda tem um péssimo relacionamento com a mãe e um pai que está morto. E assim é sua vida.

Só isso.

Em um belo dia, Ed reage a um assalto de banco e seu ato heroico sai no jornal. E é aí que as coisas ficam interessantes. Ele recebe em sua caixa de correios um às de ouros com três endereços. São tarefas enviadas por alguém que ele não faz a mínima ideia de quem seja e que não deixou nenhuma dica do que fazer com aquelas informações. Como não tem nada a perder, vai ao primeiro endereço. Para sua surpresa o caso se trata de um homem que chega constantemente bêbado em casa e estupra sua mulher enquanto a filha ouve tudo do lado de fora.

“Mas não faz diferença: ela está chorando na varanda, e fico com uma baita vontade de ir lá e dar um abraço nela. Pena que não dá para salvá-la e segurá-la nos braços.

Como as pessoas conseguem viver assim?

Como sobrevivem?

Acho que é por isso que eu estou aqui, talvez.”

Ed se sente na obrigação de acabar com aquilo, e mais do que isso, não sabe quais serão as consequências se ignorar o que viu. Então decide cumprir tudo.

Ao longo do livro, recebe de diferentes maneiras os outros três ases, que sempre são acompanhados de resultados que o afetam (e, às vezes, as pessoas ao seu redor também) de alguma maneira. Ed aprende, se arrisca, muda vidas, muda sua própria vida e nos leva junto com ele. Cada carta, uma lição. “Eu Sou o Mensageiro” é assim.

Se isso não te convenceu a ler o livro, querida pessoa que está aqui até agora, peço que você o leia mesmo assim, ainda que seja só pelo Zusak, seus personagens incríveis e a visível delicadeza com que ele trata as situações ao escrevê-las. Vale a pena, eu garanto.

O assaltante do banco do início do livro diz que Ed é um homem morto, e que ele deveria se lembrar disso cada vez que se olhasse no espelho.

Mas não era uma ameaça.