12 de setembro de 2010




Uma carona com a Morte

         Olá você, querido leitor que veio aqui, nesse nosso humilde blog com a esperança de ler algo que preste. Bom, modéstia à parte, você entrou no endereço certo.
         Para lhe provar, querido nerd, de que aqui no WLN você só encontra colunas interessantes, nesse espaço que me foi dado hoje, falarei do meu livro preferido e te darei alguns motivos para você classificá-lo da mesma forma. 
E como já dizia a Morte, A Menina Que Roubava Livros (“The Book Thief” – Ed. Intrínseca, 499 páginas) “É a história de um desses sobreviventes perpétuos – uma especialista em ser deixada para trás”.
        Pois bem, pra quem não conhece ou nunca ouviu falar sobre, o livro da roubadora de livros conta a história da própria, Liesel Meminger, uma garotinha que em Janeiro de 1939, com nove anos, é deixada pela mãe com uma família adotiva: os Hubermann. Ao longo da estada dela com Rosa e Hans na Rua Himmel, Liesel vai roubando livros que, de certa forma, a salvam da morte.
        O livro é, por si só, uma obra de arte. É lírico e poético. E você pode achar que já leu muitos livros que fossem desse jeito. Bem, quantos livros sobre a II Guerra Mundial você já leu que o fosse? Pois é, eu avisei. 
        Markus Zusak apresenta o primeiro “diferencial” do livro ao nos dizer quem será o narrador da história: a Morte. Sim, e se você acha que a nossa colega (ou não) coletora de almas é vil, repulsiva e violenta você se enganou. Aqui ela se apresenta como uma pessoa amável, afável e agradável. Ela trás ao livro a realidade que existe por trás da vida de uma garotinha de nove anos que, sem saber, encontra a mais temível criatura três vezes ao longo da vida.
        Além de Liesel e da Morte, o livro trás também alguns personagens que, no mínimo, são interessantes. Hans Hubermann, um pintor aparentemente comum e pai da roubadora, mostra ao leitor a humanidade que, certamente, havia na Alemanha na época da Grande Guerra (e aqui eu considero os alemães que apresentavam alguma resistência contra o III Reich comandado por Hitler). Ele sabia a verdadeira importância do amor e que, às vezes, não se pode quebrar uma promessa. Ao lado de Hans, temos um Judeu na história. Max Vandenburg encontra abrigo na casa dos Hubermann, e no porão dos pais de Liesel ele luta com Adolf Hitler, escreve “A Sacudidora de Palavras” e “O Vigiador”. Max representa a luta dos Judeus que, sem terem condições de saírem da Alemanha, encontraram ajuda nos lugares mais improváveis.
        Liesel também tinha um “amiguinho” que, sem dúvidas sabia o que estava fazendo. Rudy Steiner era fã do maratonista Jesse Owens, um atleta negro que nos Jogos Olímpicos de Verão de 1936, em Berlim, ganhou medalhas de ouro em quatro modalidades do atletismo. Como se não aprovasse a vitória de um negro, Hitler deixou o palanque e não cumprimentou o atleta pelas vitórias. Rudy era um amigo que, com as devidas condições, ajudava Liesel e estava sempre ao lado dela. Ele foi o garoto que ao se deparar com um piloto de avião morto, tirou um ursinho de pelúcia de uma caixa de ferramentas. Entende? Rudy achava que poderia consertar o mundo com amor. E no fim, ele nem teve o beijo que queria.
        Uma palavra que poderia definir o livro é cor. A cada vez que a Morte leva alguém, a própria descreve a cor do céu. Pode ser chocolate, verde musgo ou azul clarinho. Mas as cores que se destacam na história de Liesel e marcam a vida da garota para sempre são preto, branco e vermelho. (http://migreme.net/mre).
        Eu poderia ficar aqui mais umas três páginas falando de todos os personagens do livro e de suas respectivas singularidades, poderia falar também do quão impactante "A Menina Que Roubava Livros" é; mas após ler e reler (e esse reler se repetiu, posso te garantir), eu cheguei à conclusão de que o que merece mais destaque na história, é o fato dela ser “real”. Espere, antes que você pense que a Liesel, a nossa Liesel roubadora de livros e sacudidora de palavras existiu de fato, eu vou te explicar. O real está no fato de que, assim como Max, muitos outros judeus se esconderam em porões, resignados com o fato de que aquilo era melhor do que qualquer outra coisa. Culpados com o fato de terem sobrevivido e com medo, medo mesmo de que a qualquer momento alguém pudesse descobri-los e levá-los para o inferno; os campos de concentração.
        O real está no fato de que muitos homens e mulheres, assim como Hans e Rosa, lutaram da forma que puderam para mudar aquilo que contaminava as cidades alemãs e os “corações” dos habitantes destas. O nazismo existiu e sim, ele encontrou apoio no povo. Mas não podemos deixar de lado o fato de que pessoas lutaram contra ele e deram o seu melhor nessa "batalha".
        O real está no fato de que as palavras podem salvar as pessoas e que no fim, só o amor vai prevalecer. 
        E usando aqui, palavras da própria Liesel “Odiei as palavras e as amei, e espero tê-las usado direito.”

6 comentários:

  1. Está na minha lista pra leitura.
    Só espero que eu consiga chegar rápido na vez dele, rsrs.

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  2. dapesar do meu preconceito com livros e filmes da segunda guerra, esse parece ser diferente! definitivamente entrou pra minha lista de livros a ler =)

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  3. "Pode alguém roubar a felicidade? Ou será que ela é apenas mais um infernal truque interno dos humanos?"

    Um dos melhores livros que eu já li na vida. ._. Eu desmonto lendo ele. Sempre, sempre me afeta.

    ""Com um sorriso desses você não precisa de olhos"... <3

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  4. Que vontade você me deu de reler, cara!
    com certeza um dos livros que eu mais gosto, daqueles que você compra e deixa na estante onde possa vê-lo e pensa em deixar pros seus filhos.
    ótimo post, Bells! /Junão OHO'

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  5. Nossa, to morrendo de vontade de reler ele agora, esse livro é simplesmente perfeito cara

    "Ele mexe comigo, esse garoto. Sempre. É sua única desvantagem. Ele pisoteia meu coração. Ele me faz chorar."

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  6. Você fez uma abordagem séria e tocante, Bel! Uma escritora nata... Te adoro demais e obrigada por abrilhantar minhas manhãs com sua presença! BeijoO!

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