3 de outubro de 2010


           “Muita gente boa está perdida por aí. Muita gente boa que ninguém nunca ouviu falar.” 

   
Se vocês não se lembram, queridos nerds, esse é um trecho do primeiro post de nosso blog. Além de definir maravilhosamente bem o que é música, nosso amigo Lucas fala várias verdades, essa é apenas uma delas. Complementarei a ideia, dizendo que muitas vezes são essas pessoas que podem contribuir para a “salvação” da música brasileira, entretanto continuam ali, escondidas, trabalhando em sua música com os únicos objetivos (que deveriam ser unânimes) de fazerem o que gostam e tentarem deixar uma marca em alguém. Claro, sempre há exceções, tanto no mainstream quanto no cenário independente, mas como dito, são exceções. Nosso dever em meio a isso tudo, eu acho, é dar um jeito e mostrar essas pessoas o máximo que pudermos. Música e músicos em seus sentidos genuínos, aqueles que o Lucas bem definiu em seu texto, é disso que estou falando.
   Há mais ou menos duas semanas, a Mariana aqui do blog me mandou uma mensagem dizendo que havia escutado “Madalena” e que tinha entendido o porquê de eu ter gostado tanto. É o que eu espero que aconteça com todos que ouvirem Unidade Imaginária hoje. 




   Conheci a banda há pouco tempo, passeando pelos concorrentes de Aposta MTV, no VMB. Por algum motivo anotei o nome de todos para ouvir mais tarde. Gostei de The Name, mas então ouvi Unidade Imaginária, e com o perdão da palavra, fudeu. Adicionei a banda no Orkut, recebi um scrap de agradecimento muito amor, resolvi fazer uma coluna sobre eles e aqui estou.

   Pois bem, vamos aos negócios: a Unidade Imaginária é uma banda independente do Rio de Janeiro, formada por Mariana Volker (vocais, guitarra e piano), Valentina Zanini (baixo e backing vocals) e Léo Vilhena (guitarra e backing vocals). Fazendo uma mistura muito linda de rock, MPB e pop, a banda tem como influências “desde Pink Floyd a Björk, passando pelos Paralamas, Los Hermanos, Elis Regina, Edu Lobo, The Cure e Keane.”, como é mostrado no site deles. As letras, escritas por Mariana e Valentina, falam sobre diversas experiências, e em minha humilde opinião, são uma das melhores coisas no grupo. 




   Com quatro anos de existência, a banda já foi vencedora do II Unifest Rock em 2009, conquistou uma vaga no festival MADA (Música Alimento da Alma) em 2010 e ainda nesse ano ganhou a votação da MTV de “Novos nomes brasileiros”, na categoria POP, com mais de 57% dos votos. A Unidade se apresentou também na Virada Cultural de São Paulo e no Festival de Rock Feminino de Rio Claro, além é claro, de ter concorrido ao VMB. Também é nesse ano abençoado de 2010 que seu primeiro CD (Alquimia) será lançado, com Léo Morel responsável pela bateria. Não vejo a hora de ouvir, a propósito.
   Abaixo, você pode ouvir o CD promocional + Dois é ímpar, que foi colocada na versão CD recentemente no site da banda.

Madalena
Do que eu ainda sou capaz
Alquimia
Avenida
Montes Claros
Dois é ímpar

   Mas se vocês pensam que o post acabou depois disso, estão errados. Acontece que eu fui cara de pau o suficiente pra mandar um depoimento pro Orkut da banda perguntando se eles poderiam responder duas perguntas. E olha, que lindos eles foram. Quem dera se todos os artistas dessem aos seus fãs a atenção que eles me deram. Eu disse, basta ler a parte sobre a “salvação” da música novamente. Bom, aqui vai essa minientrevista: 

 Quando se trata de música, o Brasil tem um cenário um tanto quanto “padronizado” hoje em dia. As pessoas botam rótulos sem dó nem piedade nas bandas, muitas vezes sem ouvir o que elas têm a dizer. Para a Unidade que tem um estilo completamente diferente do que está ganhando cinco VMBs atualmente, como é tentar conquistar espaço nesse meio? E aproveitando, qual é o diferencial da banda, o que as pessoas encontrarão ao ouvir Unidade Imaginária?

Valentina: Eu discordo um pouco com essa coisa da padronização. Acho que isso é o aparente para quem não tem interesse em ver além do que está na última moda. A música brasileira é riquíssima, mas se você só for ouvir, ler, conhecer e  procurar o que passa na televisão, não só na música, mas em toda a sua vida o seu conhecimento se tornará muito limitado e o mundo vai parecer mesmo muito igual e muito pequeno. Há uma tendência a se rotular tudo sim, mas isso é uma coisa eterna, acho que faz parte da mente humana, na hora que se conhece algo novo precisar comparar com alguma coisa parecida que a pessoa já conhece anteriormente. Rimbaud foi criticado nos seus primeiros textos publicados por copiar Victor Hugo! Então não vejo muita solução para este tipo de coisa...
Quanto ao Restart - é deles que você está falando, né? – Eu entendo a indústria, sei que tem muito dinheiro sendo colocado para que eles apareçam em tudo e sejam vendidos e comprados ao máximo. Essa extra-exposição deles é o resquício do trabalho que se fazia anteriormente com vários artistas, mas agora, com menos dinheiro, se faz só com um. Todas as fichas em um jogo só. E bem ou mal, está vendendo, se eles aparecem tanto é porque alguém está comprando. Eu, pessoalmente não gosto, como não gosto de muitas outras coisas até consagradas, mas não desmereço o trabalho deles de maneira alguma.
Outro dia, arrumando meus livros encontrei um marcador de página do Fernando Pessoa com uma frase dele que diz assim “O importante da arte é exprimir; o que se exprime não interessa”. E eu acho que isso vem muito ao caso nessa situação. Se a gente começar a dizer o que pode e o que não pode ser feito, acabamos com a liberdade e acabamos com a arte também.
Sobre a Unidade Imaginária, nós fazemos um trabalho honesto, sincero e feito com muito carinho, do fundo dos nossos corações. Nossas letras todas são muito pessoais e fazemos o som baseado nas influências da vida musical de cada um de nós.
A luta pelo espaço é dura mesmo, você precisa ser muito persistente e acreditar em você mesmo quando tudo diz que nada vai dar certo. Mas acho que isso é comum a todos os ramos profissionais e até pessoais desta terra.
Nosso novo disco “Alquimia” que vai sair daqui a pouquinho, vai do experimental ao rock pesado, passando pelo ska-rock e indo até canções introspectivas, para se escutar sozinho no escuro.  O “diferencial” da banda acho que é o mesmo e único de qualquer artista, a honestidade. Quando você é honesto com a sua verdade e consegue expressar aquilo, você se torna diferente, pois nesse mundo ninguém é igual. Eu não sei o que as pessoas encontrarão ao ouvir nosso trabalho, mas eu sinceramente espero que elas encontrem a elas mesmas.

Viram, né? É facil gostar de Unidade Imaginária, apreciar a voz linda e tranquila da Mariana, ouvir uma música inteira prestando atenção só no que a Valentina faz no baixo - se encantando com o resultado, diga-se de passagem - e admirar os solos do Léo, querendo aprender logo a tocar guitarra pra tentar fazer algo parecido. Pra mim foi fácil. Espero que seja pra vocês também.
 Lembram-se da genuinidade da qual eu falei? Talvez seja a característica mais marcante na Unidade Imaginária.

 “Eu sempre gostei de comparar uma banda com um barco a remo. Alguém tem que segurar o leme e dar a direção, alguém tem que contar o tempo para que todos remem juntos e quanto mais gente remando, mais rápido e longe se vai. Cada um de vocês que está agora lendo essas palavras tem nas mãos um remo do barco da Unidade Imaginária. Se não fosse pelo esforço de todos JUNTOS nós não teríamos conquistado nada, nunca.”  Valentina Zanini

   Se você gostou da banda, pode pedir que ela vá tocar no Acesso MTV (@acesso_mtv), baixar o CD promocional e se for de São Paulo, ir no próximo show deles, que vai acontecer no dia 09/10 no Clube Outs. 

Espero que vocês gostem da banda e saiam espalhando o som deles por aí. Eles merecem, de verdade. 

Links ; vídeos do Oi Novo Som;
Tem uma banda na nossa casa:
Bloco 1
Bloco 2
Bloco 3

 Primeiro clipe da banda, Madalena. 


  Obrigada mais uma vez à banda pela atenção e pela entrevista. Vocês são fodas. 

Por Laura. 

5 comentários:

  1. Ah, eu lembro que vi uma edição do Tem uma Banda na Minha Casa na MTV com eles. Eles são foda mesmo!

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  2. É, conheci eles pelo Tem uma Banda na Minha Casa também, daí fui correndo no site deles baixar a discografia. Acho lindo o estilo deles, de ser tudo tão colorido e essas maquiagens nos olhos, sempre tão criativa. E o otimismo do som, das letras, não é um otimismo bobo, inocente, é uma alegria legal de se ouvir, uma esperança que não se vê tanto por aí de um jeito tão inteligente (e olha que eu sou super fã de músicas melancólicas xD)
    Madalena e Avenida são minhas preferidas, e só to esperando ter mais múscias pra ouvir! Eles são tão fofos, tanto quanto músicos quanto como o que dizem ^^
    Passo aqui no We Like Nerds sempre que tem uma postagem nova, mas me deu vontade de comentar aqui só por causa do Unidade Imaginária =3

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  3. Antes de mais nada, parabéns pela sua primeira entrevista Laura! Espero que seja a primeira de inúmeras que ainda vão surgir na sua carreira como jornalista.
    Ouvi Unidade Imaginária por seu intermédio, e gostei de cara. Fugindo de todos os padrões atualmente reconhecidos como bons, eles fazem toda a diferença. Com suas letras calmas e lindas, nos fazem pensar sobre diversos aspectos.
    Penso que música boa é música boa em qualquer lugar,independente de qualquer moda,padrão ou algum outro adjetivo semelhante.
    E definitivamente música boa é o que mais tem na Unidade Imaginária.
    Desejo sucesso não só a eles, mas a todas outras bandas boas espalhadas por aí.

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  4. Siiiiiiimmm!! Adorei o post Moça!! A UIM eh uma das melhores bandas que conheci ultimamente, a música eh ótima, contagiante, e eu recomendo a todos q escutem *-*

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  5. Não conhecia a banda antes, mais já ouvi as músicas e adorei! As letras são lindas,e a voz da Mariana também! Além de serem super simpáticos...Parabéns pelo post, e o WLN está arrazando cada dia mais *-*

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