2 de maio de 2010


Olá, vocês. 
Recebi a responsabilidade de escrever o primeiríssimo texto da nossa revista eletrônica, e estou aqui para dar o melhor de mim na tentativa de dividir qualquer coisa que vocês possam considerar de alguma utilidade, caros leitores. Não é nada fácil pensar enquanto combato minha pior inimiga – a querida sonolência que sempre chega sem ser convidada depois do almoço – e devo dizer que a situação fica ainda mais complicada quando se tem um pequeno grupo religioso propagando seus ideais no alto-falante bem na rua de baixo. Mas não leitores, estou aqui por vocês e não vou me entregar tão facilmente. Saibam que nós do WLN temos amor pelo que fazemos, ou pelo menos tentamos. Saibam que esperamos que a sua leitura possa ser prazerosa e bem aproveitada. E saibam que eu, Lucas, por meio de alguns parágrafos de opinião, irei tratar de um assunto que talvez seja de grande interesse de todos vocês. Aos negócios então. 
Irei tratar de música, meus amiguinhos nerds. Sim, minha maior paixão – a música. A arte mais sublime e delicada de todas, quando bem trabalhada. O ápice da criatividade e da sensibilidade humana. O reflexo da alma e das ideias. A expressão tecida sobre o ar. O retinir de ondas harmônicas interpretadas sequencialmente no intuito de nos provocar reações e emoções que, nas CNTP, não seríamos capazes de sentir. A natureza utilizada pelas mãos do artista. A paixão pelo som e pelo sentimento. A mercadoria. A manipulação ideológica. A massificação e a aculturação. A comercialização apressada e incessante. O dinheiro. A indústria midiática. O Justin Bieber. 
Primeiramente, não odeio o JB. O cara fazia vídeos e postava no Youtube, alguém o descobriu e resolveu produzi-lo. Tornou-se o mais novo queridinho da América do Norte e consequentemente do mundo, não é mesmo minhas batatinhas manipuláveis? Sim, o cara teve sorte e poxa vida, se ele não soubesse mandar alguns passinhos ele não estaria rendendo tantos clipes na MTV. Não o culpo pelo sucesso. Aliás, o parabenizo. Existe um determinado público que se interessa por essas coisas. As menininhas gostam do Justin Bieber. Elas gostam dos coloridos. Elas brincam de Barbie e sonham com o Fiuk. Tudo bem gente, todo mundo tem seu lado noob – meu fraco é a Emma Roberts e não nego – e francamente, tem horas que temos que deixar as preocupações de lado para podermos ser felizes não é mesmo? Meu problema não é com ele. Ele soube aproveitar uma grande oportunidade e está se dando muito bem. Meu problema é outro. O que me incomoda, o que me remexe as entranhas, o que me faz cócegas no dedo mindinho do pé esquerdo e o que me fez escrever isto aqui é o fato de que as pessoas estão se tornando desligadas demais. Elas estão se esquecendo de que existe música além do JB e seus derivados.
Existem certos estilos que as pessoas apreciam devido ao seu teor dançante, divertido, descompromissado e positivista, que é o caso do nosso companheiro canadense. É o tipo de música que o povo ouve por descontração, e não há nada de errado nisso. O que me entristece é saber que é só isso que chega às massas. A indústria hoje prefere, incentiva e produz com maior  facilidade artistas que se voltam para essa espécie de trabalho, e se esquece de pessoas imensamente talentosas que acabam ofuscadas e massacradas pelos holofotes direcionados em sentido único e padronizado. Muitos bons músicos não recebem a mínima atenção ou crédito. Muitos grupos musicais, bandas, conjuntos, cantores (as), compositores ou instrumentistas dos mais diversos estilos acabam aderindo ao movimento independente para terem algum reconhecimento. Muita gente boa está perdida por aí. Muita gente boa que ninguém nunca ouviu falar. Posso citar por exemplo a cantora Amy Belle. Conhece? Se não, vá agora ao Google e abra o myspace da moça. É material bom, amigo leitor. Folk bem feito, rock acústico suave e bem estruturado. Conhece a dupla The Black Keys? Se curtir um som alternativo, competente e intenso, você não pode perder. Já ouviu falar do russo Mr. Somnambula? Música eletrônica focada na sonoridade ambient, com batidas ritmadas e efeitos bem arquitetados, sem pretensões comerciais. Dê uma boa olhada na internet, caríssimo nerd. Vai descobrir muita coisa boa e pouco divulgada.
Não sou um cara obcecado pelo cenário underground da música. Apenas escuto o que me agrada, e sei de muitos artistas que poderiam estar ocupando lugar de destaque em muitas playlists por aí. É óbvio que a mídia também investe em caras bons (Coldplay é a maior banda de rock atual, uma das mais bem pagas e uma das melhores dos nossos dias), só acho que o foco poderia ser mais amplo. Acho também que as pessoas deveriam deixar de lado a opinião generalizada e começar a procurar por aquilo que realmente lhes faz bem. Todos têm a liberdade para gostarem do que quiserem gostar, mas acho que cada um podia muito bem buscar se informar para abrir mais o leque de opções e torná-lo cada vez mais diversificado. Independente da sua vertente musical favorita, leitor, tente abrir mais a cabeça para o que está ao seu redor. Além do que lhe é dado, investigue mais a fundo e procure pelo SEU roteiro musical, não o do coleguinha. Seja eclético, seja moderno e seja feliz, mas acima de tudo faça por onde construir uma opinião própria, intangível e que não seja imposta por um outro alguém. Escute de tudo e escute a todos, depois selecione o que achar melhor. A sociedade precisa de entes pensantes e seus ouvidos precisam de variedade.
Ouça, junto do Justin Bieber, o coreano Sungha Jung. Junto da Lady Gaga, dê uma checada em The Cure. Paralelamente à Beyoncé, dê uma chance ao Indite. Deixe Shakira por um tempo, ouça Kitaro. Conheça mais, explora mais. Guarda o que achar melhor e continua com o que já era bom. 

May the force be with you. Always. 

12 comentários:

  1. Apelaram com o Kitaro! ASHUASHUSAUH
    Mas eu concordo com QUASE tudo o que foi dito. As pessoas deixaram de ouvir MÚSICA(na minha opnião o que é tocado nas rádios é barulho). Converse com seus avós sobre música! O fato de ser antigo não significa que é ultrapassado. Beatles é sucesso até hoje não é atoa! Ouçam blues, folk, bossa nova! E não concordo que coldplay seja a maior banda de rock da atualidade...

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  2. Gostei muito do texto, e principalmente do assunto em questão. Acho incrível como hoje as pessoas são influenciadas por aquilo que faz sucesso, por tudo o que a mídia impõe, coisas essas, que muitas vezes pecam no quesito qualidade.
    Claro que cada um tem seu gosto, e o direito de ouvir e apreciar o que quiser, porém como dito no texto: "Seja eclético, seja moderno e seja feliz, mas acima de tudo faça por onde construir uma opinião própria, intangível e que não seja imposta por um outro alguém. Escute de tudo e escute a todos, depois selecione o que achar melhor. A sociedade precisa de entes pensantes e seus ouvidos precisam de variedade.'

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  3. Minha leitura foi prazeirosa e bem aproveitada.

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  4. Muito bom o texto,bem pensado,bem escrito e muito divertido também,sem deixar de falar a verdade!Ah,por sinal,Amy Belle é realmente muito bom!

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  5. Eu espero, e acredito, que todos os textos desse blog sejam assim, por que eu fiquei com água na boca. De verdade. Adorei!

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  6. "Existem certos estilos que as pessoas apreciam devido ao seu teor dançante, divertido, descompromissado e positivista, que é o caso do nosso companheiro canadense. É o tipo de música que o povo ouve por descontração, e não há nada de errado nisso. O que me entristece é saber que é só isso que chega às massas. A indústria hoje prefere, incentiva e produz com maior facilidade artistas que se voltam para essa espécie de trabalho, e se esquece de pessoas imensamente talentosas que acabam ofuscadas e massacradas pelos holofotes direcionados em sentido único e padronizado. Muitos bons músicos não recebem a mínima atenção ou crédito. Muitos grupos musicais, bandas, conjuntos, cantores (as), compositores ou instrumentistas dos mais diversos estilos acabam aderindo ao movimento independente para terem algum reconhecimento. Muita gente boa está perdida por aí. Muita gente boa que ninguém nunca ouviu falar."

    THIS!

    Nem tenho o que comentar depois disso.

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  7. Sua definição de música ficou demais!

    "Acho também que as pessoas deveriam deixar de lado a opinião generalizada e começar a procurar por aquilo que realmente lhes faz bem." - Só ocorre um probleminha: as pessoas acham que o que ouvem é o que lhes faz bem, devido à própria opinião e não a de outros. O que faz bem a elas também faz bem aos outros por coincidência; não porque existe uma cultura massificadora.

    Depois de ler o post, comecei a escutar umas músias da Amy Belle. Tenho gostado bastante do que ouvi até agora. Obrigada pela indicação.

    Ah! E parabéns à toda equipe pelo blog!

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  8. O coreano Sungha Jung realmente é bom. Bem lembrado.

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  9. Concordo plenamente (incluindo a polêmica parte do Coldplay). O fato é que a mídia tem bastante influência nos gostos musicais mais populares.
    Em parte, as pessoas não escolhem escutar Justin Barbie, mas são condicionadas à isso. Essas pessoas gostam de Justin Bieber, e acomodam-se musicalmente. E não pesquisam sobre música. Apenas escutam o que chegam aos seus ouvidos, e o que chega aos seus ouvidos é exatamente o que a mídia propõe.

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  10. Escreve dmas :O, concordo cm tudo.

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  11. Black Keys é do demonio de tão bom

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