21 de junho de 2013


  Faroeste Caboclo foi um dos filmes brasileiros mais aclamados esse ano, especialmente em comparação com o outro Russo-derivado lançado quase em conjugação, Somos Tão Jovens (ao qual eu não assisti, e por isso essa é a primeira e última referência a ele) (e gostaria de comentar também que esse lançamento simultâneo foi uma das melhores jogadas de publicidade que eu já vi ou percebi). E nada melhor para se fazer um roteiro do que adaptar os quase 200 versos da canção homônima (que, por si só, já é quase um conto), inclusive se rumora que o próprio Renato Russo planejava escrever sua própria versão em longa-metragem quando se tornasse um cineasta. Mas... será que a execução da ideia foi lá grandes coisas?

  O filme conta a história de João de Santo Cristo, um sertanejo que acaba indo parar em Brasília, onde tenta ganhar a vida e conhece uma filhinha de papai maconheira chamada Maria Lúcia e se apaixona por ela. Uma premissa um tanto batida, não é? Embora a história tenha muitas outras nuances (como as questões do tráfico de drogas, a situação do Brasil nos anos 80 e a corrupção policial), é ao redor disso que a história se move. Mas uma das grandes ideias do filme é a alusão aos antigos filmes sobre o "velho oeste" americano, daí justificando o "faroeste" do título.
  No fim das contas, Faroeste Caboclo é admirável em suas tecnicalidades. Fotografia impecável, sempre leve para os olhos, acompanhada de uma edição mais ou menos simples (o que ajuda a evitar os erros de um ângulo para o outro - melhor do que sair cortando e embustear tudo, né?). A trilha sonora é diegética na maior parte do tempo, enquanto a música incidental só aparece nos momentos em que se requer uma dramaticidade maior. O roteiro não tem nenhum mecanismo improvável (diferentemente da letra original da canção) e não força a barra da linguagem em hora alguma. Só o figurino que, na tentativa de se manter próximo dos dias atuais, acabou um pouco contrastante com o ambiente.

  Só que nada disso adianta quando não se tem nada para impressionar a audiência. O filme é todo bem-feitinho, sem defeitos, não perde a atenção de quem vê em nenhum momento, mas não há nada que surpreenda ou que se destaque depois que o filme acaba. Aí vem neguinho falando "ah, mas é porque a gente já ouviu a música". Que nada. Mesmo se não tivéssemos ouvido, o final fica óbvio só de assistir até a metade do filme. Eu, pelo menos, saí do filme pensando apenas: "é... foi bom". E só.
  Enfim, "Faroeste Caboclo" não chega a ser desperdício de tempo ou dinheiro, mas não é nenhum ganho cultural também. Espero que vocês curtam mais que eu e que "Somos Tão Jovens" (é, a comparação é inevitável, sinto muito) seja melhor.

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