28 de março de 2013

        Todo mundo que lê esse blog já deve ter ouvido ou pelo menos saber da existência da música "Too Close", não é mesmo?
        Não? Nunca tinha ouvido? Que bom que você deu uma passada no WLN, então. Mas, enfim, hoje eu vim aqui não só para falar dessa música, mas também do álbum do qual ela faz parte, e do cantor: Alex Clare.


        Alex nasceu em Londres há uns 30 anos atrás e cresceu em contato direto com o jazz e o blues que seu pai tanto ouvia. Isso influenciou todo o seu desenvolvimento musical, inclusive levando-o a aprender a tocar trompete e bateria, embora ele realmente tenha se focado no piano e no violão autodidatas, além de escrever seu próprio material e tocar em lugares de “open mic” (ou seja, microfone aberto, lugares em que qualquer um pode cantar e tocar o que quiser para quem estiver lá para ouvir). Apesar de sempre ter querido a música como carreira, Alex decidiu correr atrás também da gastronomia como uma “rede de segurança”.
        Com uma demo, conseguiu assinar com a Universal Island do Reino Unido, e lançou seu primeiro álbum, The Lateness of the Hour, em julho de 2011. Mas foi só um ano depois, com o lançamento do single “Too Close”, que o CD deslanchou nas paradas.
        The Lateness of the Hour traz uma mistura intrínseca de soul, rock alternativo, dubstep, “drum and bass” e eletro, tudo contribuindo para uma sonoridade interessante e eclética, embora sem perder a identidade do álbum. O single de estreia, “Up All Night”, também a faixa que abre o CD, é bem entrelaçada com o rock indie, mas se confunde com o pop que acompanha a maioria dos lançamentos desse gênero, hoje em dia. A faixa seguinte, “Treading Water”, é bem mais eletrônica e pop e têm uma batida dubstep mais óbvia. Já “Relax My Beloved”, apesar da instrumentação fortemente eletro, traz uma enorme influência do blues e arranjos de corda ao fundo que, apesar de destoarem completamente do resto da música, acompanham o “blue-eyed soul” que Alex passa na voz e acabam se encaixando na loucura sonora da canção. Em seguida, temos “Too Close”, o single que mostrou Clare ao mundo; obviamente, nessa fase “somos loucos por dubstep” em que a indústria musical está, hoje em dia, foi esse o aspecto que levou a canção ao topo das paradas. Mas “Too Close” é muito mais que isso, com todo um pano de fundo soul e indie, principalmente quando se leva em conta os vocais e os violões que marcam presença na faixa.

        A partir daí, temos “When Doves Cry”, cover do Prince, que, apesar do cantor original, parece a faixa mais superficial do álbum inteiro, dado o arranjo intensamente eletrônico e dubstep (de novo). “Humming Bird”, em compensação, traz uma musicalidade maior em seu piano, cordas e vocais harmônicos. A seguir, vem “Hands Are Clever”, de influência totalmente soul e funk, com uma linha de baixo marcante e divertida, bem anos 70/80, e metais espalhados pela faixa. “Tight Rope” retoma o eletrônico e o dubstep, apesar de não ser exatamente “uptempo” ou dançante. “Whispering” traz de volta a influência blues e indie, incluindo até mesmo um violãozinho acústico (mesmo que os synths e batidas o escondam em várias porções da música); “I Love You” soa mais como um remix 2013 de uma balada pop do fim dos anos 90 do que qualquer outra coisa; mas “Sanctuary”, um dos pontos mais fortes e emotivos do álbum, traz vocais intensos e o piano como instrumento principal. E, por fim, “I Won’t Let You Down”, apenas piano, voz e soul (e nenhum sintetizador, graças a Deus), fechando o CD com chave de ouro.

        Enfim, é um grande álbum, apesar de todo o enfoque na música eletrônica e no dubstep. Na verdade, The Lateness of the Hour soa como uma tentativa de infectar o soul/rock/blues com as batidas frívolas da música pop de hoje em dia, até mesmo contra a vontade do próprio Alex e a cultura musical que ele traz desde criança. Mas o cantor é mais forte que isso e consegue sobrepor essa mistura maluca de sons com sua musicalidade e talento, provando que o CD poderia ser MUITO melhor do que já é, se os gêneros e influências que traz tivessem sido respeitados.
        Espero que vocês tenham gostado tanto quanto eu ou mais até, se você gostar bastante de música eletrônica e dubstep (cujo uso moderado eu respeito). Apesar de toda a minha reclamação sobre as batidas, o álbum ainda é MUITO bom e merecedor de pelo menos uma ouvida.

        E atenção: fiquem na espreita, porque a cobertura WLNística do Lollapalooza Brasil 2013 está para começar! Até a próxima, nerds!

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