We Like Nerds

  

 A moda está morta!

   As pessoas são comumente impelidas a julgarem a moda como algo de mulheres com corpos perfeitos e cérebros vazios. No entanto, moda não é apenas um rostinho bonito com alguma roupa exponencialmente cara e inacessível à maioria da população. As roupas como você conhece hoje são o resultado de várias lutas de muitos que fizeram e fazem o seu máximo para nos deixarem apresentáveis. E não é só isso.

Antigamente, as mocinhas eram proibidas de usar calças. Ainda mais antigamente, elas precisavam usar aqueles vestidos-balões enormes que, além de desconfortáveis, não eram tão práticos quanto um bom jeans. Uma das mulheres que tornaram possível que você usasse essa camiseta surrada e essa calça com um rasgo no meio do joelho, é, você mesma que está pouco ligando para se a blusa combina com o sapato, se o tênis é todo surrado, você que levanta a bandeira do desleixo, sentindo-se no auge da rebeldia, você não seria nada disso sem Coco Chanel.

   Então, pensa: "O quê? Eu não tenho nada a ver com Chanel, não tenho dinheiro pra comprar nem uma linha na loja dela" ou "Credo, ela faz roupas para peruas nojentas podres de ricas". Aí que você se engana, querida. (tá, não na parte das peruas, porém...) Caso não tenha visto Coco Antes de Chanel, comece por aí. Gabrielle Chanel foi a precursora do uso de calças pelo sexo feminino, foi ela quem acabou com o sofrimento dos corpetes. Sim, pequena Joana D´Arc, você que se achava especial demais, punk demais por não ligar para os grandes estilistas, por achar que eles são um bando de burgueses, pense de novo.

   Chegamos ao século vinte e um. Mulheres dominam o mercado financeiro, tomam conta de casa, do marido, dos filhos e ainda passam um batom no intervalo. Hoje em dia, não existem muitas barreiras a serem quebradas com as Lady Gagas da vida e veja só se já não estamos pegando as calças dos nossos namorados! Modas estão voltando: cores cítricas, cintura-alta, sapatos meia-pata, wayfarers... A lista é grande.

Nesse sentido, em meio a tantos revivals, realmente me revolto quando as mulheres parecem se esquecer de pessoas como a Chanel que fizeram com que elas pudessem escolher o que vestir, pessoas que lutaram contra amarras, que quebraram estereótipos e que fazem de você o que é. Vemos, então, mulheres como uma certa apresentadora de um programa na GNT usando justamente essas amarras. Quero dizer, o propósito é esse, certo? Usar o que bem der na telha. Mas até que ponto isso conta? Não é meio contraditório uma mulher que se diz moderna usar um corpete? Qual a finalidade? Se mostrar cool? Tornar-se um ícone de estilo? Talvez as pessoas devessem começar a canalizar essa capacidade de mover massas para modas que realmente façam algum sentido e não vão contra a própria saúde feminina para alcançar um símbolo de algo que ainda não compreendo o que é. (muitas mulheres morreram com o pulmão perfurado pelas costelas por causa de corpetes, isso é um fato!)

   Queimem os sutiãs, garotas, mostrem a que vieram e não se prendam... Copiar os anos oitenta, sessenta, cinquenta, que seja, tudo bem, mas ir lá no século XIX é um pouquinho demais. Acima de tudo, moda deve fazer com que você se sinta bem!

That's all, folks.

Por GMüller.


UPDATING: Easy, tigers! Quando eu disse “corpetes”, não me referia a essas peças de cetim, fitas e whatever que se usa POR CIMA da roupa, mas àqueles terríveis espartilhos que afinavam as cinturas de forma anatomicamente impossível. Erro meu não ter utilizado esse termo. Mil perdões. E, Carlo, querido, até onde eu sei, ninguém morreu até hoje por causa de um joanete.