16 de junho de 2013


Por Mariana Bellozi

  Consciência crítica. Essa pequena expressão, usada diversas vezes em contextos curiosos, tem muito a ver com a situação atual do país do futebol.
  Com quase 22 anos, cresci ouvindo pessoas falarem que a minha geração era alienada e não lutava pelas coisas que, por direito, eram nossas. A geração passada, que curtia Legião Urbana e Blitz, também foi acusada disso. E a anterior também.  E a história, que funciona em ciclos, assim como o ser humano (nada excepcional se levarmos em conta que quem faz a história é o próprio homem, dotado de ciclos do início ao fim da vida), se repete mais uma vez. Pensando na história mais recente houve a famosa revolução de 1968, os Caras Pintadas no início da década de 1990 e a Primavera Árabe, agorinha acontecida.

  A tendência às discussões é óbvia quando se junta um grupo de pessoas tratando de política. E, por isso, muitas pessoas erroneamente evitam discussões. Diz-se que “política, religião e futebol não se discute”.  O que se esquecem é que de discussões sadias é que saem ideias brilhantes capaz de mudarem o rumo de nações e pessoas.
  Em meio às várias manifestações desencadeadas essa semana pelos protestos acontecidos na cidade de São Paulo, “perdeu-se” (entre muitas aspas) o motivo real que inflamou multidões de jovens insatisfeitos.  Sim, aqueles mesmos jovens alienados de antes. São Paulo teve como estopim o aumento de R$ 0,20 na passagem de ônibus.  A cidade em que vivo, no interior de Minas Gerais, fará protestos por melhores condições na educação. Inúmeros são os motivos que têm levado os brasileiros às ruas, mas um só motivo indigna toda essa massa coletivamente: a atitude tomada pelo governo em relação às manifestações.
 Lembram-se das tais discussões?  Pois então, só há discussões saudáveis quando as duas partes estão dispostas a jogar o mesmo jogo.  Manifestações pacíficas são um direito do povo aprovado pela Constituição Nacional.  Como estudante de jornalismo, não consigo ficar calada. Centenas de pessoas estão indo às ruas em busca de melhores condições para todos os brasileiros. Policiais batem nessas pessoas, prendem essas pessoas. Eu não preciso colocar fotos de manifestantes atingidos nem contar histórias de jornalistas que foram impedidos de registrarem as ações policiais, jornalistas que foram impedidos de fazerem seu trabalho.  Vocês já sabem disso, já viram isso.
  O que me deixa triste é a incoerência do ser humano. Há menos de 30 anos teve fim no Brasil o regime militar do qual a nossa querida presidenta, Dilma Rousseff, foi militante e sofreu tortura. O PT, partido do qual ela é integrante, começou com um grupo de trabalhadores que faziam manifestações em busca dos seus direitos. Não defendo partido X ou Y, mas a incoerência dos governantes atuais me assusta.  Não entendo de economia, não sei dizer se o aumento de vinte centavos era justo, de fato. Mas entendo de seres humanos. E impedir que a gente fale, até hoje, só nos deu mais voz.
  Se você também quer falar, junte os amigos, o cachorro e vá às ruas defender o Brasil que um dia foi um país bom pra se viver.


Ps: vinagre não é permitido.

2 comentários:

  1. Mariana,
    As policias militares são de responsabilidade dos governos estaduais, mesmo a policia de Brasilia é um órgão estadual.
    Até agora não se tem notícia de repressão em estados governados pelo PT.

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    1. Sim,responsabilidade do governo estadual, porém os representantes do PT no poder (na figura maior da presidente Dilma) não se manifestaram em momento algum. É sobre isso que falo!

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