18 de maio de 2013

...Like Clockwork

Após um intervalinho de 6 anos sem lançar nada, os -ou seria as?- Queens of the Stone Age lançam o sexto álbum da carreira, o mais esperado desde Lullabies to Paralyse de 2005.
Motivos não faltam para tal ansiedade: O Dream-Team envolvido nas gravações; o primeiro registro com os (não tão) novos integrantes Micahel 'Mickey Shoes' Shuman e Dean Fertita; a quase morte de Josh Homme durante uma cirurgia em 2011, da qual ele garantiu ter mudado seu ponto de vista diante o mundo e a vida em si.

Com o lançamento previsto pro dia 03 de junho, o álbum caiu nos braços da mãe internet na última quarta, 15 de maio. E eu como um membro dos abomináveis baixadores de torrent, já o ouvi vezes suficientes pra dissecar aqui, o trabalho dos moços -ou seria das moças?- .
  Keep Your Eyes Peeled abre o CD de uma forma soturna já velha conhecida dos fãs da banda. No que arrisco chamar de refrão uma guitarra incômoda surge propositalmente pra causar desconforto enquanto Josh entoa o verso "If life is but a dream, then wake me up."

   Em seguida temos a bem ritmada e melancólica I Sat By The Ocean. Têm uma fácil degustação, The Vampyre Of Time And Memory começa com uma levada de piano típica das cancões mais épicas do Elton John e evolui de forma sensata pra culminar na balada If I Had A Tail, que combina bateria marcada com guitarras desconcertadas e tem um dos refrões mais grudentos do álbum, provavelmente por sua letra fácil de ser repetida e sua guitarra de slide marcante. Agregados de forma imperceptível, temos Alex Turner (Arctic Monkeys), Nick Oliveri (que já foi da banda e hoje manda na Mondo Generator) e Brody Dalle (esposa do Josh e integrante de umas bandas que eu nunca tive vontade de ouvir) fazendo o coro de fundo da canção.

   Vem agora aquela que eu e os presentes no Lollapalooza 2013 podemos conferir pela primeira vez My God Is The Sun. Com o ...Like Clockwork em mãos, ela passa a ser entendida com outros ouvidos. A sua emergência não tinha importância naquele sábado de páscoa, mas agora tem cara de novo clássico do QotSA.

   Kalopsia inicia com batidas sem força de um coração e uma respiração cansada e não menos fraca, segue com um verso bonito que lembra um lovesong de baile de formatura da Sessão da Tarde, daí explode num refrão bravo e potente. Na faixa 7 encontramos Fairweather Friends, marcada pela presença de Nick Oliveri, Mark Lanegan (ex-Screaming Trees), Trent Reznor (Nine Inch Nails) e Sir Elton John, marcando seu piano esperto ao longo da faixa. Como resultado ela parece a união dos refrões do Lullabies To Paralyze com a experiência de Josh Homme -e Dave Grohl- no Them Croocked Vultures.

   Então damos de cara com Smooth Sailing, que é puro Era Vulgaris batido num liquidificador com Eagles of Death Metal, com vocal agudinho e sua bateria destacada.

   A penúltima composição do álbum é a minha preferida, também conhecida como I Appear Missing. Ganha pela simplicidade e os seus seis minutos de duração passam despercebidos. É o símbolo do que Josh Homme e sua banda é hoje, a soma dos trabalhos anteriores e das experiências de cada integrante.



   Pra fechar, vem a faixa de mesmo nome do CD, outra bonitinha pra ser ouvida com o rosto colado no xodó. Dependendo do dia, do seu humor ou situação, pode surgir uma vontade de acabar no meio dela e pronto. Mas não chega a ser um erro.

   ...Like Clockwork apresenta, mais do que nunca, uma banda sólida, que sabe onde pisar e ainda é aberta a novas percepções. Como um todo é uma obra bem construída e digna da longa espera. Sutilmente parece contar uma história -ou histórias paralelas que se cruzam em algum momento, como sugerido pelos vídeos/teasers lançados- na qual o o prazo foi a menor das preocupações ao ser construída, e isso é bom. 
Por falar em teasers, estes teriam funcionado de uma forma incrível, não fosse o vazamento das canções. Mesmo assim, valem a pena ser conferidas, principalmente pelo trabalho do artista Boneface.

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