A
maioria dos leitores do blog deve ser fã de Harry Potter – a maioria das
pessoas dessa faixa etária é – e com certeza ouviu falar de Morte Súbita: finalmente, a autora J. K.
Rowling se dedicou a uma nova obra, a primeira publicação literária de sua carreira
que não tem nada a ver com o mundo mágico e secreto descrito nos sete livros da
série que se tornou um dos clássicos – se não o único – da geração presente.
Morte Súbita é muita tragédia e pouco
humor (embora seja classificada como “humor negro”) distribuídos em quase 500
páginas. A morte-título acontece logo nos primeiros momentos do livro, e é
atribuída a Barry Fairbrother, um bom-samaritano pertencente ao Conselho
Distrital de Pagford, uma comunidade impregnada de valores reacionários e
elitistas, embora a modernidade e o desaparecimento dos limites entre as
classes sociais estejam cada vez mais evidentes; com isso, evidencia-se também
a constante luta do estrato mais abastado contra a “invasão” dos “pobres”,
figurada pelo Fields, área em que mora a população com menores condições
financeiras e em que localiza-se o centro de reabilitação de viciados. E é a
essa luta que Barry se dedica até poucos momentos antes de sua morte. Diante
desse falecimento, a luta passa a se desenvolver mais rapidamente; logo as
diferenças entre os pró-Fields, amigos de Barry, e os elitistas, que querem que
o bairro seja reintegrado a Yarvil, a província vizinha e ligeiramente maior.
No meio dessa guerra, estão os adolescentes filhos dos moradores de ambas as
áreas de Pagford, defensores de Fields ou não. E, diante do comportamento dos
pais, eles decidem tomar as providências “cabíveis” para castigá-los.
Esses
são os pontos principais da trama, embora ela se desenvolva muito mais e melhor
através dos personagens principais e de suas interações; o clímax só se
desencadeia mais para o fim do romance. É nisso que vemos a profundidade que J.
K. é capaz de inserir à suas tramas: os personagens são verossímeis, tipos
perfeitamente capazes de existir em qualquer comunidade que, ao menos, lembre a
realidade de Pagford. Embora não haja muito espaço para desenvolver esses
personagens de forma multilateral o suficiente, ainda é preponderante para o
leitor perceber o quanto eles são reais.
As situações
são comuns, atuais, perpétuas para as perspectivas sociais contemporâneas. O
livro mostra problemas como as drogas, o estupro, os relacionamentos abusivos,
a violência, as doenças, o preconceito e tudo o mais que adoece a sociedade em
que vivemos. Embora esses aspectos sejam tratados com ênfase demais no romance,
ainda atestam a eficácia da discussão sobre esses assuntos e a hipocrisia que
envolve as aparências, tão importantes para as pessoas.
Infelizmente,
ainda não se pode dizer que J. K. é uma “mestra da prosa”. Mas o que captura o
leitor em sua obra é a profundidade das histórias, os personagens que são
capazes de prender a atenção e o foco quase sempre certeiro nos cantos certos
da trama. E, afinal, não é todo leitor que realmente se prende ao “poder das
palavras” de tudo o que lê. Se fosse assim, noventa por cento dos campeões de
vendas da atualidade não teriam a mínima chance nas lojas.
Porém, a
grande vantagem de Morte Súbita é
provar que Rowling é mais do que simplesmente “a mulher do Harry Potter”,
incapaz de escrever qualquer coisa que fuja do universo mágico (intricado que
só ele, pelo menos nos livros). Ser um exímio contador de histórias é muito
mais do que ser um ás da escrita, e J.K. já está lá desde 1997.
Gostei da resenha, veio na hora certa. Estava querendo comprar esse livro aproveitando a promoção no Submarino mas tou na dúvida: será que é bom? Ler o texto acima me ajudou a decidir um pouco, a história parece ser legal e tal, mas o ponto forte parece ser os personagens. Acredite: provavelmente esse será o primeiro livro da autora que lerei.
ResponderExcluirAbraços
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