19 de abril de 2012


Pirulito gigante em espiral - Dia 01

Mariana

    Dia 07/04/12 não foi um dia qualquer pra nós, participantes dessa coluna. O Lollapalooza tomou muito tempo de nossas vidas. Desde novembro planejando a tão sonhada viagem com os nossos melhores amigos para São Paulo, a cidade que não tem amor. Pra gente só teve.

    Foi corrido, não conseguimos aproveitar direito o dia que estava reservado para exploração da metrópole. Mas dizem por ai que uns se emocionaram vendo Van Gogh. Outros se emocionaram encontrando o pai depois de sete meses sem o ver. Mas a emoção maior, a que supriu todas as outras, foi entrar no Jockey Club de São Paulo e se deparar com 70 mil pessoas com o mesmo objetivo que o seu: tornar aquele dia uma história para contar pros netos quando o mp4 já for a fita cassete do presente.

     E foi isso que aconteceu. Lembrando agora somente flashs de momentos passam pela minha cabeça. A impressão de que tudo passou rápido demais é inevitável. Mas valeu a pena cada minuto. Cada segundo que o pé machucado passou apertado dentro do tênis ou foi esmagado por um pé alheio. Valeu o aperto na plateia, o gasto (bem considerável) de dinheiro. A volta pra casa de doze horas de viagem. Valeu porque não é qualquer um que tem o privilégio de ouvir umas das músicas preferidas de toda a vida sendo executada pela banda, em um lindo pôr-do-sol com as melhores amigas ao seu lado. Valeu porque eu fui feliz. E muito.

    Band Of Horses foi um dos shows que mais me surpreendeu. Inevitável não ficar surpresa com a beleza do vocalista da banda e com a energia que ele comandava o público. Disseram por ai que eles não tinham presença de palco. Eu aposto 20 pillapaloozas que essa pessoa não recebeu um sorrisinho do gatinho do microfone nem tava na cara do palco quase chorando de tanta emoção. Como se não bastasse ser bonito e ter uma voz linda o danado ainda escreve bem.  “Laredo” me deixou sem ar. E sem voz. Acho que gritei mais do que a minha reportagem de rádio aconselhava mas não liguei. Era aquilo que tava sentindo e eu não quis saber.


    O Rappa, como sempre, foi ótimo. Depois dos três shows da banda que eu assisti em Juiz de Fora eu não esperava nenhuma novidade. Mas foi com prazer que escutei, lá do fundo, mais perto do palco secundário do que tudo, um cover (não sei se tem esse nome mas vou chamar disso) de Rage Against The Machine de emocionar. Eu sei, “Killing In The Name” não é nada emocionante mas ver uma galera batendo cabeça num gramado cheio de cangas o é.


    Sendo sincera, além desses dois shows só vou falar do Foo Fighters. Na minha coluna não tem Cage The Elephant.

    Pois bem, após alguns desencontros, acabei sozinha com a Isoca no show mais esperado na noite. E atrás. Mas isso não nos impediu de curtir a apresentação com todo amor que tínhamos no coração (risos). Sim, a voz do Dave tava falhando. Sim, os solos instrumentais foram imensos e só pra “encher linguiça”. Cara, eu vou ligar? No fucking way!

    Veja com seus próprios olhos:


"If everything could ever feel this real forever
If anything could ever be this good again"

 Isa

    Sou dessas que acreditam que livros, filmes, conversas bobas, música, arquitetura, etc podem mudar a vida das pessoas. Depois desses 4 dias em São Paulo, eu posso dizer que viagens também! Não é que eu tenha voltado com o espírito do Rock and roll dentro de mim, como acredita a minha vó querida, mas parece que esse monte de pequenas experiências que eu colecionei durante o final de semana vão ficar marcadas, de verdade.

    Primeiro dia em SP: acho que eu fui a que mais curti a sexta! Mal pisei na rodoviária e já tava tirando foto de tudo e olhando pra cima igual uma retardada. A arquitetura de São Paulo sempre foi das minhas preferidas quando a gente pesquisava em sala de aula e poder ver tudo de perto me fez ficar mais apaixonada ainda. Melhor surpresa do dia? Visitar uma exposição do MASP, como quem não quer nada, e dar de cara com Dali, Renoir, Manet, Matisse, Degas... e Monet! (chorei, confesso, mas essas coisas constrangedoras a gente não explana)

    Segundo dia em SP: depois de uma noite sufocada agradável no albergue, fomos para o Festival. 

Cage the Elephant. 
Confesso que tava achando estranho o Cage no meio da tarde, mas depois que o show acabou, achei a escolha acertadíssima. O show foi ótimo, boa escolha de set e a energia louca e inexplicável do Matt me deixou animada pro resto do dia.
-Destaque para: Shake me Down e Dave Grohl aparecendo na lateral do palco para ver o show

Estupro é a palavra que você tá tentando encontrar

Band of Horses
O grande esperado do dia pra mim. Conseguimos ficar quase encostados na grade e, mesmo com uma plateia vazia de fãs, o show foi um dos melhores momentos do festival. A banda tinha tudo pra ter um show fechadinho, que só ia agradar os fãs de verdade, mas dominou o palco e terminou o show com muita adesão do público. Não quero falar muito sobre isso porque vou ter que confessar que chorei de novo e vocês vão pensar coisas erradas sobre mim,
-Destaques: o cover "Am I a good man?", que foi mais do que excelente (não tinha como eu escolher uma música deles, todas foram igualmente especiais pra mim)
-Ponto negativo: a duração. 1 hora de show foi muito pouco e acabou restringindo o set =/


Se você não chorou, você não tem coração

Foo Fighters
Nada explica a sensação de assistir um show tão esperado, tão cheio, com tanta qualidade técnica e de uma banda com tanta história. Nem os km de distância que me separaram do palco nem o mega cansaço por causa do dia me fizeram desanimar. 
-Destaques: The Pretender (eu e Bell pulamos uns 5 metros de altura) e Dave Grohl na bateria
-Ponto Negativo: a duração, de novo. Só que dessa vez ao contrário: o show podia ter tido o set longo que teve e, mesmo assim, ter durado pelo menos meia hora a menos.


Foi engraçado só até o 3, mas achei válido mesmo assim!

Momento de pânico
A volto para casa. A produção do evento estimulou o uso do metrô mas esqueceu que as estações não comportam 75 mil pessoas. Achei que fosse morrer em um daqueles conflitos de multidões com polícia, que sempre rolam em SP. Ouvi falar no dia seguinte que os policiais já estavam com as armas engatilhadas e chegaram a ameaçar algumas pessoas. Enfim, pânico total, mais de uma hora de falta de ar, mas conseguimos chegar vivos no nosso muquifo albergue.

Laura


Todo mundo tava esperando esses momentos desde novembro. Como a gente brincava, estávamos só sobrevivendo até o Lollapalooza. O assunto sempre entrava na roda e nunca, nunca saía da cabeça. Eu conheceria São Paulo, assistiria minhas bandas preferidas ao vivo e do lado de algumas das pessoas mais especiais do meu mundo. Não tinha como não ser perfeito, e não deu outra. 
Eu já sabia, o primeiro dia do festival tava pra entrar nos melhores da minha vida antes mesmo de acontecer. Três bandas preferidas, músicas que eu escuto praticamente todo dia, artistas que são o ápice de qualquer conceito que eu tenha sobre música. O Lollapalooza não foi feito só de shows, mas também das pessoas que tavam comigo, da viagem linda que eu tive, do que ele me fez sentir, das lembranças que todo mundo vai guardar. E olha, a parte mais difícil é tentar escrever sobre. Vamos tentar.

CAGE THE ELEPHANT: Pra mim, foi a melhor melhor primeira impressão possível sobre o que o festival seria. O show foi ótimo, a presença de palco do vocalista é absurda e aquela energia toda de (nosso) primeiro show do dia e do Lollapalooza só ajudou. Muitos pontos pro Cage the Elephant.

BAND OF HORSES: No segundo em que Ben Bridwell começou a tocar aquela gaita no começo de “For Anabelle”, eu soube de verdade que era muito, muito sortuda de estar ali. A chatice de comprar ingresso, dinheiro gasto e todo o resto não faziam diferença nenhuma se no final das contas eu tava ali, no pôr-do-sol e ouvindo ao vivo uma música que mexe absurdos comigo. Se eu confirmei algo naquele show, foi que o Band of Horses pegou todas as pequenas coisas sobre o que eu acho que a música é e como ela deve te fazer sentir e resolveu dividir isso com quem estivesse ali. Foi inexplicável, lindo. É impressionante como as músicas da banda são delicadas e se transformam numa coisa tão forte pra quem ouve. Eu já disse e repito quantas vezes puder: se eu pudesse, viveria num show do Band of Horses. Foi o meu preferido do Lollapalooza inteiro.

                   
Tudo o que ouvirás, caro amigo, sou eu gritando a letra de uma música linda

JOAN JETT & THE BLACKHEARTS: Minha reação ao show da Joan foi, basicamente, repetir a cada final de música que aquela mulher era foda. Ela era foda, o que eu tava vendo era foda, como as pessoas reconheciam que estavam na frente de uma das principais responsáveis por mudar a história da mulher no rock era foda. É lindo como ela consegue ser absurdamente badass e fofa ao mesmo tempo. Foi lindo ter a oportunidade de vê-la de perto e comprovar que toda a admiração que as pessoas têm faz todo o sentido do mundo. Se Dave Grohl fala que ela é tão boa que faz todo mundo parecer meros menininhos de escola, quem sou eu pra negar?

FOO FIGHTERS: Por favor, né, gente? É o Foo Fighters, o que cês esperavam? Os caras são impecáveis, e como eu já disse, conseguem atingir quem tá no fundo da mesma forma que atingem quem tá colado na grade. Eles não eram a atração principal da noite e nem são tão grandes assim à toa. E pra quem reclamou da voz do Dave, fica o recado: se você estivesse lá vendo o que o cara e a banda fazem e transmitem ao vivo, eu garanto, seria a última coisa em que você repararia.

dois de seus heróis da músicas dividindo o palco podem fazer coisas com seu emocional

  That's all, folks. Até o post do segundo dia :)


2 comentários:

  1. "porque não é qualquer um que tem o privilégio de ouvir umas das músicas preferidas de toda a vida sendo executada pela banda, em um lindo pôr-do-sol com as melhores amigas ao seu lado."

    Tão, tão isso. :3

    ResponderExcluir
  2. Adorei saber da aventura toda! É a primeira vez que entro aqui pra realmente LER sobre as minhas filhotas :) Muito bom! Beijos, beijos beijos!!!
    P.S.: Muquifo!? Estórias para contar para a Paola, né Mariana!? :D

    ResponderExcluir