We Like Nerds

    Vejam bem, caros amigos, minha série preferida acabou no começo do ano e me deixou numa inevitável fossa, mergulhada no descontrole de ficar por três dias revendo minhas cenas preferidas, reblogando coisas relacionadas no Tumblr e enchendo o saco de todo mundo na internet. Basicamente, eu tava desse jeito:

    Não foi fácil pra ninguém, mas eu me reergui e vim me despedir dela de maneira apropriada: espalhando-a para o mundo.

É, tô falando de Chuck, aquela série que ninguém sabia mesmo se ia dar certo ou não, se era pra ser levada a sério ou não, se ia ser renovada ou não. Apesar de tanta luta, nos últimos segundos ela sempre conseguia um lugarzinho na programação da NBC, graças aos fãs que compravam sanduíches da Subway descontroladamente pra provar que Chuck dava uns bons dinheiros aos patrocinadores. 

"With a mixture of pride and awe I can tell you: Chuck was saved by sandwiches. And by the the greatest, most passionate fans in the universe." - Josh Schwartz

    Começou em 2007, sobreviveu maravilhosas cinco temporadas, conquistou o coração de um bando de gente e hoje tá aqui sendo analisada na nossa mais nova coluna. 

10 motivos (sem spoilers) para assistir Chuck.

1) A temática

Imaginem um nerd que abre um email aparentemente inofensivo de um ex colega de faculdade e de repente tem seu cérebro guardando todos os segredos da CIA e da NSA. Pra piorar, toda vez que o cara vê alguma coisa relacionada a um segredo, uma série de informações passa pela sua cabeça e ele se torna um computador ambulante que precisa da proteção de dois agentes secretos porque sua vida virou de cabeça pra baixo. Assim começa a história de Chuck, que consegue juntar comédia, ação, drama, romance e ainda faz isso junto, sem nem se preocupar com a quantidade de coisas diferentes que você vai sentir em um único episódio. 

2) Os personagens

Não sei se funciona com vocês também: antes de começar a assistir alguma coisa, personagens bem construídos me conquistam bem mais que a história em si. E quando você começa a assistir e acompanhar seus crescimentos, a coisa fica mais linda ainda. Chuck dispensa descrições, Morgan com amizade e despreocupação, Sarah badass e totalmente amável ao mesmo tempo, Casey e seus grunhidos e jeito bizarro de mostrar que se preocupa com alguém, Ellie e Devon sendo... incríveis. Poderia citar até amanhã, mas a verdade é que em Chuck os personagens são tão bons que você vai se pegar amando até os vilões.

3) Os atores

Em algum extra de algum DVD, Josh Schwartz ou Chris Fedak (oi, precisão) disse que o grande desafio em escolher o elenco pra esse tipo de seriado era o de achar pessoas talentosas o suficiente pra fazerem rir, chorar, causarem raiva e, de quebra, gravarem grandes cenas de luta. Zachary Levi e Yvonne Strahovski foram os escolhidos e ainda tinham uma das melhores químicas da TV. O resultado do resto do elenco também foi ótimo, e pra completar tem o fator humor babaca e simpatia de todos os atores: 

  

Como não amar?

4) A trilha sonora

Desde grandes bandas como Oasis e Radiohead, passando por mais atuais como The Black Keys, Florence + The Machine e Bon Iver, até as tão indie que são praticamente desconhecidas mas têm ótimas músicas, a trilha da série é boa a ponto de virar automático dar pause num episódio e ir procurar de quem é a maravilha que tá tocando. 

5) Jeffster

Isso é o que acontece quando os dois personagens mais bizarros de Chuck (Jeffrey e Lester) criam uma banda. Sempre cantando as músicas do jeito mais absurdo possível, eles aparecem quando você menos espera, quebram qualquer tensão existente e, incrivelmente, são parte importante do desfecho da série.

6) As referências

Pra que as referências de uma série não saiam do tema e fiquem parecendo um diálogo retardado de novela que só tá ali pra dizer que a coisa é atual, a pesquisa deve ser gigante. A maioria das maravilhas de Chuck vem por meio das referências nerds: desde um pôster do Tron clássico de 1982 escancarado na parede do quarto até as coisas mais sutis, como o nome do meio de um funcionário da Buy More igual ao nome do meio do Capitão Kirk ou o número do voo de Lost em um dos flashes. As participações especiais também são parte das referências: Stan Lee, Mark Hammil e Timothy Dalton são alguns dos nomes. 

7) Os vilões

Gosto dos vilões de Chuck porque eles são totalmente sem escrúpulos. Matam mesmo, fazem lobotomia mesmo, escondem bombas em todos os lugares mesmo, e, sem eles, o desenvolvimento da história seria nulo. Numa série tão cheia de pessoas boas, as ruins tinham que roubar a cena de alguma forma. 

8) As missões
Eles vão pros melhores lugares, têm os disfarces mais hilários, ótimas cenas de luta, Sarah e Casey sempre provam seu nível de awesomeness mas não importa o que aconteça, a melhor coisa sobre as missões sempre vai ser o Chuck dando um jeito de estragar tudo e tentar consertar depois.

9) Os season finale
Por ser uma série que sempre terminava a temporada achando que aquele seria seu último episódio e não seria renovada, os season finale sempre foram bem feitos. Lógico que ninguém se contentaria com duas temporadas do jeito que a história ainda estava, mas o fato dela ser absurdamente legal deixava tudo menos pior. Quer dizer, quem consegue reclamar de uma reviravolta totalmente inesperada na história seguida de um "Guys, I know kung fu"?

10) Os diretores

Josh Schwartz tem uma reputação ótima quando se trata de séries: criou e produziu The O.C. (a semelhança entre Chuck e Seth é notável) e Gossip Girl. A ideia pra Chuck veio de Chris Fedak, que queria uma série de ação sobre espionagem. Schwartz, que tinha sido seu colega de faculdade, entrou com a parte da comédia, ajudou a transformar a ideia no resultado final e ainda aproveitou pra dar pitacos em outra especialidade pela qual é conhecido: trilhas sonoras. 

    Eu sei, puxei um saco gigantesco. Só quero ressaltar que Chuck é linda, claro, mas tá de longe de ser uma série perfeita. Às vezes apela, tem furos no roteiro, de vez em quando passa a sensação de que tá enrolando pra guardar um material bom pra um season finale. Mas isso tudo pode ser relevado porque, como eu sempre digo, ela não foi feita pra ser levada a sério como uma House ou Lost da vida, por exemplo. Ela tá ali pra ser leve, te divertir, fazer você se identificar, chorar de vez em quando, amar os personagens a ponto de ser sentir ridículo e deixar a sua vida um pouquinho menos entediante. E nesses quesitos, senhoras e senhores, eu devo dizer: Chuck cumpre maravilhosamente bem o seu papel.

Por Laura, que era pra ter postado essa coluna no mês passado.