À primeira vista, são apenas uns caras comuns, usando ternos, no meio de um campo verdejante. Porém, eles estão por aí para fazer muito mais do que você imagina.
Formada por Diego Santos (guitarra), André Matuk (guitarra), Bruno Santana (contrabaixo) e Gustavo Schettino (bateria), a banda Doutor Pepper’s vem se tornando popular no underground musical juizdeforano, trazendo de volta sucessos dos Beatles, dos Rolling Stones, do The Who... ou seja, tudo o que alguém pode gostar de ouvir. Cuidadosa com a estética musical e imagética, a Pepper’s usa da nostalgia e da curiosidade de décadas marcadas pelo rock (como os anos 50, 60 e 70) para atrair ouvintes, e faz isso de forma magistral. Por isso, o WLN os perseguiu até conseguir fazer uma entrevista exclusiva, a qual vocês podem ler a seguir.
We Like Nerds: Eu gostaria de que vocês me falassem como a banda se formou, o histórico da banda, como surgiu o nome... Essas coisas, a história da banda em geral.
Diego: Essa banda surgiu de uma outra banda, ali por volta de 2008. A gente tinha uma banda que tocava pop rock, umas coisas tipo Skank, Legião Urbana, essas paradas assim. E aí eu e mais um integrante dessa antiga banda resolvemos fazer uma banda para tocar anos 60, para tocar Beatles, esse era o foco da banda... E a gente acabou formando essa banda e o nome Dr. Pepper’s veio do disco dos Beatles (Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band), influência total. Então, a gente estava a fim de fazer aquele som, e acabou que, da formação original, só sobrou eu, e aí foram entrando, o cara que tocava com a gente trouxe o Gustavo, a gente encontrou o Bruno na Internet, e o André a gente encontrou no coral...
André: À moda antiga...
Diego: É, é o único que veio à moda antiga, o resto foi tudo pela Internet, só na modernidade.
WLN: Falem um pouco do conceito, da identidade musical da banda, o que vocês fazem.
Bruno: O que une a gente, de certa forma, para fazer o som, [são os] anos 60, sacou? É Beatles, basicamente Beatles. A gente escuta muito além disso, mas o que une a gente para tocar, para estar no estúdio e tal, é Beatles. A gente escuta Rolling Stones, escuta The Who...
Gustavo: [somos influenciados] por muitas coisas dos anos 60, mas o foco da coisa é Beatles mesmo.
Bruno: Elvis Presley, tudo o que rolou nos cinquenta, na segunda metade dos cinquenta, para os sessenta, o que une a gente é isso. A gente tem o lance de tocar de terno, também buscar um pouco disso. Igual a um bar que abriu agora em Juiz de Fora, o Retro [Foods], que também tem todo esse conceito.
Diego: É, eu diria que mais que o conceito que norteia a banda é a coisa do espírito leve, divertido, de uma coisa mais rock ‘n’ roll, já que hoje em dia a gente vê muito daquela coisa pesada, aquela coisa de rock pesado. A gente tem uma coisa mais bem-humorada, mais descontraída...
Bruno: E é tranquila, mas também não é ingênua igual ao Restart...
Diego: Não é bobinha.
Bruno: Tem maturidade nos shows, né, cara, tem maturidade no som. Você escuta coisas da década de 60 e não tem como você não aprender alguma coisa, seja vocal, instrumental, contrabaixo... Você vai aprender. É tranquilo, é leve, como o Diego disse, e tem essa base musical... Qualquer um que começa a tocar isso, começa a aprender, a se desenvolver de forma natural.
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"O conceito que norteia a banda é a coisa do espírito leve, divertido, de uma coisa mais rock ‘n’ roll" |
WLN: Vocês têm algum projeto individual, tipo outras bandas, alguma coisa assim?
Gustavo: a gente estava tocando numa banda de blues. Tocava Eric Clapton, entre outros. [...] A gente tocou num festival na semana passada, o Brasiliada [?] Blues, mas eu não sei se vai continuar. Eu, o André... e mais um cara, é Marcos que ele chama, já fizemos uma coisa meio jazz...
André: Mais para uma experiência, né? Música brasileira...
Bruno: Só que a gente estava pensando em retomar agora, realmente para tocar, mas também como um aprendizado. Eu, pelo menos, não tenho muito contato com esse tipo de música.
André: E o pessoal é muito chegado em blues, também. O Gustavo com essa banda de blues, eles não estão botando muita fé, então eles querem juntar o blues na outra banda. Mas eu também tenho uma outra banda de blues, que também vai pelas coxas, porque não é todo mundo que quer a mesma coisa, ninguém ali quer viver de música, a não ser o outro guitarrista que vai juntar com a gente para fazer esse outro projeto. Então vai afunilando, quem quer vai juntando.
Bruno: Acaba que nada é igual ao que a gente faz com a Pepper’s. Existe uma coisa muito mais densa, de compromisso, de “tirar” músicas, de fazer show, de ensaiar, de fazer ensaios de vocal, coisas em que a gente pode falar bastante, mas nada que bata direto. [...] Eu tenho vontade de fazer uma coisa meio rock nacional, anos 60 também...
WLN: Falando nisso, quais são os planos de vocês para o futuro? Divulgarem-se, assinar com gravadora, o que vocês querem fazer daqui para frente?
Diego: Isso é uma questão complicada. Se a gente disser de uma forma aberta, o plano sem dúvida é fazer sucesso, mas é tudo com uma questão de compromisso com isso que o Bruno falou, uma qualidade estética, um tratamento musical, porque a gente não tem o plano de simplesmente entrar nessa onda pop de fazer música por fazer, sucesso comercial, sem ter uma qualidade em cima. Então, a gente foca nessa questão de ter uma qualidade. Se a coisa tiver que estourar, todo mundo quer isso, tem que ser do nosso jeito, a gente não vai se vender para a mídia.
Gustavo: Nessas férias que vão começar, a gente quer dar um foco bem forte na questão das músicas próprias. A gente sempre trabalhou isso, mas agora a gente quer fazer isso.
Bruno: Agora que o repertório de covers está bem estabilizado, [...] a gente vai fazer isso. A gente tem duas músicas gravadas no estúdio Soundscape.
Diego: A gente tem um guru, de certa forma, que é o Julião, que dá aula. O Diego fez aula com ele, eu faço, o Gustavo faz, o André conhece ele, faz aula com um cara chegado dele. Um plano mesmo, nessa questão de gravar, a gente grava lá com ele. Tem, como o Diego disse, toda uma questão de preocupação com a qualidade, com a estética, com o que fazer, não é nada nas coxas. Tem só duas músicas, a gente quer planejar mais músicas, entrar no estúdio e ir gravando aos poucos. Eu acho que o plano, nesse sentido, é gravar o que a gente grava lá. [...]
Diego: Até porque parece que, hoje em dia, o caminho é muito mais claro. Hoje em dia, você tem essa possibilidade de alcançar o sucesso por conta própria, você não depende exclusivamente de gravadora. Com a internet, qualquer um é um meio de divulgação de trabalho. Você joga uma coisa, uma pessoa ouve, outra pessoa ouve. O nosso clipe no Youtube teve retorno de 15 mil visualizações por enquanto, então a gente teve gente de São Paulo, gente do Rio ouvindo a nossa música. A Internet possibilita isso, a gente não é tão escravo da gravadora para conseguir o reconhecimento do trabalho. [...]
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"A gente não tem o plano de simplesmente entrar nessa onda pop de fazer música por fazer, sucesso comercial, sem ter uma qualidade em cima" |
WLN: Qual é a opinião de vocês sobre o cenário musical atual?
Bruno: o brasileiro é péssimo. [...]
Diego: eu acho que tem até coisa bacana rolando, só que não está na grande mídia. [...] Só que a grande mídia está explorando muito essa coisa da música puramente comercial por si só. Tanto que são coisas que somem muito rápido, bandas de cinco anos já são coisa velha.
Bruno: por causa disso, por causa desse conceito puramente comercial que envolve essas bandas. E aí, aos poucos, você começa a perceber que tem gente na mesma sintonia que a gente; no Rio, eu tive contato com pessoas de duas bandas, que têm, de certa forma, a mesma preocupação sonora, voltada para os anos 50, na estética da banda, o som mesmo, o que eles tocam. Existe, mas como o Diego disse, não está na grande mídia. E aí entra numa questão que a gente pode ficar a noite inteira discutindo. [...] Até que ponto [a mídia] vai construir um Roberto Carlos, um Erasmo Carlos, até que ponto ela vai construir pessoas desse tamanho? Você não vê mais. [...]
Diego: é, mas eu nem sei se existe um interesse da parte da mídia de fazer isso. Aí já entra em outra questão.
André: pensando bem, a gente tentando fazer um rock meio anos 50, querendo ou não, a gente nunca vai conseguir fazer um rock, porque a gente não viveu naquela época.
Gustavo: mas é o objetivo, o objetivo é fazer uma cópia do que aconteceu. É uma questão de influência, mesmo, de você aprender com aquilo.
André: é por isso que eu estou falando, não tem como caracterizar, por exemplo, que eles fazem um som anos 50. Não, porque a gente está no ano de 2011, a gente faz o som de 2011, com as influências do que a gente ouve hoje em dia.
Bruno: e entra na questão também do seguinte: se você pegar Beatles, por exemplo, a influência dos anos 50 e até mesmo dos 40 foi o que construiu o som deles. Hoje, o que você vê na mídia, por exemplo, uma banda igual ao Restart. De onde vem a influência deles? Vem do blink-182? Naquela década de 90, então, isso tudo influencia no que você cria. Você ser influenciado por um som que é tenso, que é bem trabalhado, que é bem produzido, que é bem construído, você tende a aprender com aquilo, e tentar não exatamente ultrapassar aquilo, mas construir algo novo. [...] E no cenário atual, você não tem. Outro dia o cara do Forfun, ou de alguma outra banda, falou que se sentia velho, que dava conselhos... Porra!
Diego: mas é, porque essa nossa sociedade, também já entrando em outra questão complexa, a velocidade da informação na sociedade, o que se contava anteriormente que era uma geração há dez anos, passam dois anos e já é outra geração.
Bruno: é até questão de experiência, que experiência esse cara tem para dar conselhos? Isso é bem complicado.
WLN: Para acabar, falem dos shows que vocês têm marcados, a próximas datas.
Bruno: dia 8 de dezembro, no Muzik. A gente já tocou no Muzik no dia 27 de outubro, o pessoal curtiu o som, veio uma galera legal, deu uma resposta bacana, foi uma experiência legal. Agora eles chamaram a gente para fazer um tributo, aos Beatles mesmo. [...] Está marcado no flyer às 9 da noite.
E aí, se interessou pela banda? Se sim, você pode conferir o trabalho da Pepper’s pelos links abaixo:
SoundCloud (inclui duas músicas originais da banda)
Abaixo, o primeiro clipe da banda, com uma formação mais antiga:
Gostaríamos de agradecer à banda pela disponibilidade oferecida e de dizer que desejamos muito sucesso para o futuro desses caras!
Esperamos que tenham gostado. Não se esqueçam do show da Doutor Pepper’s dia 8 no Muzik, hein? Aproveitem as férias para fazer algo bom em pelo menos uma dessas paradas noites de Juiz de Fora. Comentem!
Esperamos que tenham gostado. Não se esqueçam do show da Doutor Pepper’s dia 8 no Muzik, hein? Aproveitem as férias para fazer algo bom em pelo menos uma dessas paradas noites de Juiz de Fora. Comentem!
Grande Daniel, meus parabéns pelo trabalho... ficou muito show sua postagem. Deixou bem claro o objetivo da banda!! Obrigado pela força. Até mais, abraço.
ResponderExcluirAndré Matuk
boa banda, bom post
ResponderExcluirah, como queria ter visto eles! :( fiquei mais na vontade! ótimo post, Dan :)
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