![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTLGGHNN_KONtDgwkga7H_FgYlt-S1Tiz49Q7IhHJcCDGBSfUxko_n9U-2C6Hs8Py9_bo9LTNmCTR2X9Lor8OM1ac5ae5NyY-VeeWPUygC83ShTOVHyb9k7F2xIC-MfPE0ZvkLrvS1z28/s1600/OQAAACjLtLTCA1J1_263-0C4re5m0fDfArh4sAxItRh6zlQ1ueiR-mAvy5cskpnkH7GefVqPn3sTACxy6y0UQKAWjgoAm1T1UP7QzhgR2nRnPBMzhNiuEP5ZVMPG.jpg)
To fall in love and fall in debt to alcohol and cigarretes *
She's all alone again
("Extraordinary Girl", Green Day)
Um conto rápido de uma história longa
O cheiro da espessa fumaça de cigarro a atingiu em cheio no rosto e ela teve que se esforçar para não tossir. Pediu com o olhar para que ele se sentasse. Quando ambos estavam lado a lado, ombros emparelhados, ele deu mais uma tragada.
- Você está fumando de novo - ela observou o óbvio enquanto brincava de desenhar coisas com o dedo na borda do seu copo cheio de cerveja. Ela odiava cerveja.
Odiava cigarro, também.
- Mas fazia um bom tempo que eu não fumava - ele disse em tom de desculpas.
Ela deu uma risada rouca e curta.
- "Bom tempo". Aham. Te vi fumando ainda esse mês.
Ele imitou sua risada, seus olhos encolhendo por vergonha e compreensão. Ambos sentimentos passaram rápido e ele focou o olhar nela que, por sua vez, olhava seu copo. Quanta cerveja. E ela odiava cerveja.
- Aceita? - ele murmurou. Aceito o quê? Um abraço? Desculpas esfarrapadas? Juras descabidas? Promessas fadadas ao esquecimento? Um tapa na cara para voltar à realidade? Quem sabe. Ela tirou os olhos do copo e o fitou. Enxergou ele estendendo-lhe o cigarro em um gesto que parecia atrativo e tímido.
- Algumas coisas tem limites - ela sussurrou. A fumaça de cigarro expulsa devagar por entre os lábios dele voltou a preencher o ar, nefasta. Por mais que odiasse aquilo, reconheceu um pouco tarde demais que talvez fosse uma das melhores coisas que tivessem saído da boca dele e fossem dirigidas a ela.
O rapaz sorriu em resposta e ela não retribuiu o gesto. Algumas coisas tem limites, repetiu para si mesma. Voltou a olhar para o seu copo. Algumas coisas tem limites, meu Deus.
Ele expeliu fumaça mais algumas vezes e ela sentiu um gosto amargo na garganta. Quando ele olhou novamente para ela, não sorriu mais.
- A cerveja acabou - foi a vez dele constatar o óbvio, indicando o copo dela. Estranho. Não era esse o gosto amargo que ela pensara ter sentido. - Vou pegar mais para você.
- Não vou aceitar mais muita coisa de você - ela sorriu sem sentir e nem se importou em ver se ele retribuíra. - Aproveita.
Ele levantou e saiu de vista. Como ainda aspirava o cheiro incômodo de cigarro, virou-se para o lado a tempo de ver a chama outrora acesa do mesmo apagando-se.
O cigarro tinha acabado - assim como toda aquela história.
Ela não esperou ele voltar com a cerveja.
* Jesus Of Suburbia, Green Day.
Nossa, me vi completamente nesse texto. POR QUE VOCÊ SEMPRE FAZ ISSO COMIGO?
ResponderExcluirFiquei emocionada,adeus.
ResponderExcluirLindo.
ResponderExcluir