Olá, pessoas de bom gosto! Venho hoje para falar um pouco sobre o ilustríssimo fotógrafo gaúcho que me cativou com uma exposição na Cidade Maravilhosa chamada Preto no Branco. Com 67 anos de carreira e reconhecimento internacional, já trabalhou com Jorge Amado, Carybé e é um dos mais importantes fotojornalistas da atualidade. Ele é...
...Flávio Damm.
Ignorem a apresentação à la Faustão.
Aos 11 anos, decidiu que o queria fazer da vida era "ver pelos outros". Foi autodidata na arte da fotografia e, mesmo prestando vestibular para Direito, por vontade do pai, não seguiu a profissão. Virou fotojornalista, trabalhando no O Globo, O Cruzeiro e mais tarde em agências internacionais, como a Globe Photos.
No exercício do ofício, Damm já foi preso duas vezes por contrariar ditaduras militares, no Brasil e na Argentina (onde, em menos de doze horas, foi preso pelo exército de Perón e abraçado por sua mulher, Evita); já viajou pelo Brasil seguindo histórias que eram mandadas através de cartas aos jornais em que trabalhou e, atrás dessas missivas, encontrou três malárias no caminho.
Além de fotógrafo, Flávio Damm escreve e publica textos e pensatas sobre a fotografia. Tem uma coluna no portal e na revista Photos, sempre abordando temas fotojornalísticos. Em seus livros, como Preto no Branco: Fotos & Fatos, nota-se a sensibilidade prosaica de suas fotos e textos.
Damm não se rendeu aos mecanismos digitais: não abre mão da câmera analógica, bem como da fotografia em preto e branco, além de utilizar somente lente normal – sem grande angular ou teleobjetiva; mas ainda assim, não menospreza os avanços tecnológicos na área. "A melhoria dos recursos na impressão de revistas e livros, o grande avanço na comunicação, a foto digital... Tudo isso contribuiu muito para o desenvolvimento do fotojornalismo no Brasil."
O fotojornalista, segundo Flávio, é aquele que se apropria de momentos, documenta para fazer memória, gera imagens que formam opinião e ilustra fatos, por isso, não importa o quanto as máquinas fotográficas evoluam, para uma boa fotografia, é necessário um olho perspicaz por trás das lentes. "Tenho um arquivo com 60 mil negativos. Fotografo o que a minha leitura pede e não falo com meus fotografados antes, durante ou depois das fotos. Eles não me conhecem e eu não desejo conhecê-los. Somos anônimos e sem cara. Não uso flash e sou discreto. Faço minha aproximação como um gato e fujo da cena como um rato. "
A opção pelas fotografias em preto e branco é feita porque "as cores são excesso". Mesmo quem não concorda (eu), deve admitir que as palavras do fotógrafo fazem todo o sentido quando se trata das sutilezas do cotidiano que ele captura; o instante capturado já diz o suficiente sem precisar das cores, sendo elas, no caso, uma mera distração do foco da fotografia. As fotos, mesmo as que dão ideia de movimento, ressaltam a estaticidade do tempo, característica que me fez gostar tanto deste artista.
Despeço-me agora de vocês esperando que tenham gostado. Até a próxima, folks.
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