26 de junho de 2012


Endereçado a ninguém


Você teria me olhado duas vezes, teria se perguntando o porquê dos dedos enrolados em fios de cabelo.

Teria sorrido mais, conversado mais, perguntado sobre a família. Faria algumas piadas sem graça.

Eu riria de todas.

Teria me mostrado sua casa, teria me dito o nome do cachorro. Teria me feito dançar na sala de estar quando nada estivesse tocando. Teria me amparado antes que eu caísse. Teria me olhado rapidamente nos olhos antes de desviar o olhar e dizer que alguém deve ter encerado o chão.

Teria arriscado entrelaçar uma mão na minha, teria perguntando se seria clichê demais ver o pôr-do-sol. Teria rido de algo que eu tivesse falado com todas as intenções, menos a de causar uma risada.

Você riria de tudo.

Quase tudo. Você fecharia a cara quando eu contasse sobre algum menino que conheci no ônibus. Rolaria os olhos quando eu citasse um antigo amigo. Teria, aos poucos, demonstrado que você não me amparou à toa.

Um dia dançaríamos com música. Você não teria que me amparar porque meus pés não estariam familiares com a melodia, mas sim com você. No final, você me olharia nos olhos. Eu fitaria de volta.

Nós iríamos rir.

Aqui, eu te olhei duas vezes, me perguntei do porquê dos olhos inquietos.

Sorri só quando eu consegui desgrudar meu olhar do seu, conversei só quando veio ao caso. Fiz algumas piadas sem graça.

Eu rio, sozinha.

A culpa é minha porque eu gosto demais de você para ela ser sua.

4 comentários:

  1. ô véi, num acaba comigo [3]
    Caramba!!! Amei de verdade!!!! *-*

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  2. engraçado que até o 4º parágrafo já aconteceu. assim, exatamente como descrito kkkk fiquei sem ação agora, porque aconteceu nessa mesma sequência :O
    mas daí em diante é só o que - lááááá dentro de mim - eu queria que acontecesse.
    resumindo: LINDO, mágico, e perfeito pra mim.

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