25 de fevereiro de 2011


Recorro mais uma vez ao poeta da minha terra: O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem". "É com esta coragem que pretendo governar o Brasil. Mas mulher não é só coragem, é carinho também."



Pois bem, o Brasil votou e pela primeira vez entregou o cargo mais importante do país nas mãos de uma mulher. Ponto pro Brasil. Depois de Michelle Bachelet, Cristina Kirchner e mais, já estávamos passando da hora. O principal motivo de Dilma ter ganhado as eleições, é claro, foi o imenso apoio da parte de Lula, mas o “ser mulher” também pesou. Não só isso, como todo seu histórico de luta. Todos (espero) sabem que ela foi torturada e ficou praticamente três anos presa, além de ter seus direitos políticos cassados por dezoito anos, tudo pelo sonho de um país que fosse bem diferente do que ela e milhares de pessoas queriam. Hoje, conseguiu e mostrou pro mundo inteiro que luta nenhuma é em vão, mesmo que o resultado apareça mais de cinco décadas depois.

No dia da posse, Alexandre Youssef (PV) que concorreu a deputado federal pelo estado de São Paulo, disse no twitter: “A cena mais forte. A militante torturada vira chefe das forças armadas. Arrepiei.” Realmente, foi de arrepiar, assim como grande parte do discurso da nova presidenta. Nele, homenageou seus companheiros de luta que não estavam vivos para presenciarem aquele momento, ressaltou a importância da liberdade de imprensa, agradeceu Lula e falou de seus planos de governo. Com suas palavras, a esperança cresceu. Não o suficiente pra ignorar a presença do incrível Sr. José Sarney ao lado, como presidente do Senado. Sempre tem um pra estragar, né?

Dilma tem em mãos um país que herdou do último governo ótimos avanços, como a redução do desmatamento da Amazônia e quase trinta milhões de pessoas tiradas da linha da miséria. Como os problemas do Brasil não se resumem a isso, somente 40% dos lares têm rede de esgoto e a educação e saúde públicas ainda são ruins.

A presidenta, como quer ser chamada, tem mais de um mês de governo, já enfrentou uma situação complicada (liberou 780 milhões para os municípios atingidos pelas chuvas) e botou as mãos na massa, começando a distribuição gratuita de medicamentos contra diabetes e hipertensão. Já se fala em planos para enfrentar o consumo de drogas - principalmente o crack - também um dos maiores problemas do país e ponto em comum nas campanhas dos candidatos à presidência. Sua proposta principal, no entanto, ainda não saiu do papel. A erradicação da miséria foi o tema mais comentado durante seu tempo de campanha e provavelmente será o ponto-chave de seu governo. Assim sendo, é natural que leve algum tempo do planejamento até o momento em que veremos as ações sendo feitas.

Ainda é cedo e na teoria existem praticamente quatro anos pela frente. Não é tempo para críticas ou formações de ideias sobre o que esse governo é ou deixa de ser. Hoje, só podemos esperar e torcer para que promessas sejam cumpridas. Amanhã, cobrar o que foi prometido. Dilma disse que era a presidenta de todos os brasileiros. Meu voto não foi dela, mas sei que a partir do momento em que recebeu aquela faixa simbólica, ela estava certa sobre o que disse.

3 comentários:

  1. Li até o final e achei muito bem escrito. Mas é tudo o que tenho a dizer. Tenho preguiça desse assunto.

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  2. Caralho, bitch. Foda demais sua coluna.

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  3. Arrazou Laurinia! Como a Gabi disse, tá MUITO bem escrito!

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